30.3.08

O Gótico - Literatura, Música & Estilo


Theda Bara

O facto é que quando na primeira metade dos anos 80 as primeiras bandas góticas começaram a aparecer, encontraram na imagem apresentada pelos actores destes filmes, nomeadamente Theda Bara, que consta que era um nome inspirado num anagrama de “Arab Death”.
Como herdeiro da tradição gótica, misturado com elementos das subculturas Punk/Glam dos anos 70, está o movimento gótico contracultural que apareceu na maioria dos centros urbanos do Ocidente durante os anos 80. As origens do movimento podem ser rastreadas até aos grupos musicais dos finais dos anos 70 na Grã-Bretanha. Certamente que também tem os seus percussores em bandas como Black Sabbath e na música punk dos anos 70. Possivelmente o mais importante desses grupos foram os Bauhaus, uma banda de rock formada em 1978. A banda lançou em 1979 um álbum intitulado “In the Flat Field”, a sua gravação mais popular até hoje “Bela Lugosi’s Dead” foi retomada em 1983 para ser usada nos créditos iniciais do filme “The Hunger” do realizador Tony Scott.

Créditos iniciais e primeiros 10 minutos do filme The Hunger de Tony Scott.


Aos Bauhaus logo se juntaram grupos como Siouxsie and The Banshees, The Cult, The Cure e The Sisters of Mercy. Juntas, estas bandas criaram um tipo de rock chamado rock gótico. Um circuito de bares, nomeadamente o famoso The Bat Cave em Londres, foi inaugurado para proporcionar um palco para as suas apresentações. A música gótica, como todas as formas contraculturais, articula um não-conformismo explícito com os poderes estabelecidos. Opõe-se a actividades sexuais limitadas e às tradicionais religiões estabelecidas. A música celebra o lado negro da vida e caracteriza-se por um especial fascínio com o lado estético e belo da morte. O som é lento e penetrante frequentemente descrito como obscuro e melancólico, tenebroso e até mórbido. As pessoas enfeitiçadas pela nova cultura gótica viram no vampiro a imagem isolada mais apropriada para o movimento. Tanto eles como elas usam preto e cores escuras e sem vida. Os homens parecem estar a perpetuar imagens dos vampiros de Rice enquanto que as mulheres oscilam entre um look de Morticia Adams, Elvira e uma aparência ora mais vamp ora mais lady victoriana. O movimento foi particularmente popular durante o ínicio dos anos 80, quando se espalhou pela Europa e pela América do Norte. Em meados da década, no entanto, mostrou sinais de declínio na Inglaterra. Os Bauhaus separaram-se em 1983, embora alguns membros tivessem formado os Love & Rockets. A maioria dos bares dedicados à música gótica começaram a dedicar-se a outros estilos de música mais comercial. O “The Bat Cave” fechou. Para manterem o movimento vivo quando este foi proclamado decrépito pelos média, uma banda em particular, os Nosferatu fundaram a “The Gothic Society” e publicaram a “newsletter” “Grimoire”, que se tornou o novo centro aglutinador de fãs e bandas. Curve, Rosetta Stone, Mortal Coil, Wraith e Slimelight juntaram-se aos Nosferatu como bandas da cena gótica. Em segundo lugar, atrás das bandas que definem o mundo gótico estão diversos escritores góticos. A mais notável chama-se Poppy Z. Brite, autora do romance “Lost Souls” e Lydia Lunch, escritora e artista declamadora. Entre os trabalhos de Lydia encontram-se a revista de banda-desenhada “Bloodsucker” (Eros Comics, 1992). A maioria dos centros urbanos tem um bar ou discoteca que promove a música gótica regularmente. Muitas dessas discotecas programam noites góticas uma ou duas vezes por mês e dedicam as demais noites a outros géneros musicais. Um grande número de bandas contemporâneos toca música gótica sem serem assumidamente góticos. Os mais conhecidos são Ministry, Shadow Project, Christian Death, This Ascension, The Shroud e Death in June. Algumas bandas desenvolveram imagens tipicamente vampíricas como os Astro Vamps, Lestat, Neither/Neither World e London After Midnight.

Cybergoth Comtemporânea


Hoje em dia a contracultura gótica está muito mais desenvolvida e tem associado gostos “goth” tanto na música como na moda. A música gótica apresenta um grande número de estilos e géneros. Comum a todos é uma tendência para um som “dark”. Quanto à roupagem passou a haver muito mais variedade. O estilo varia drásticamente do preto radical, dos cortes de cabelo e maquilhagem inspirados nos filmes de Expressionismo Alemão dos anos 30 (“Nosferatu”, “The Cabinet of Dr. Caligari”, “The Will of Dr. Mabuse”, "M – Matou" etc.) até às fluorescentes cores berrantes e às cabeleiras multicoloridas dos cybergoths, sempre com os seus goggles no pescoço ou na cabeça, passando por espartilhos em vinil, coleiras, roupa semi-transparente em rede e outras peças de carácter tendencialmente BDSM e fetichista.


Tecidos e materiais ricos, design, acessórios com fartura e detalhes rebuscados. Seja qual for o estilo que se prefira, o gótico em geral não é um estilo ao alcance de todas as bolsas nem de todas as personalidades, pois para adoptar este estilo há que ter uma característica comum a todas as variantes, uma boa dose de extravagância e excentricidade. Os góticos são sempre diferentes até entre iguais.



Fontes: Hodkinson, Paul: Goth: Identity, Style and Subculture (Dress, Body, Culture Series) 2002: Berg.
Kilpatrick, Nancy: The Goth Bible: A Compendium for the Darkly Inclined. 2004: St. Martin's Griffin.
Voltaire: What is Goth? (WeiserBooks, US, 2004) - A humorous and easy-to-read view of the goth subculture.

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